sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Ajuda na regulação do poder paternal





Em situações de divórcio, a avaliação psicológica pode ser importante na atribuição da regulação da responsabilidade parental. Auxilia os pais, na tomada de decisões e ajuda as crianças, a lidar com os transtornos inerentes em todo o processo de divórcio.

O acompanhamento psicológico permite evitar inúmeros conflitos entre os pais e, ajudar a criança a gerir as emoções durante esta mudança familiar, contribuindo para a estabilidade da criança e para o equilíbrio no desenrolar da ruptura familiar.

As crianças não reagem ou sofrem todas da mesma forma, o que influencia fortemente o seu sentir, é sem dúvida, o comportamento dos pais durante todo o processo de divórcio. Acontece frequentemente, os pais discordarem em questões relativas à regulação do poder paternal, recorrendo a advogados para zelar pelos seus interesses, no entanto, as crianças são muitas vezes esquecidas, neste tipo de discórdias entre o casal. Sendo por isso importante, avaliar quais serão as melhores decisões para proteger e defender os filhos, que apesar de não terem culpa do divórcio dos pais, sofrem bastante e têm de adaptar-se à nova realidade familiar e lidar com as consequências do divórcio.

Nessas alturas, progenitores e crianças sentem muitas vezes culpa, raiva, melancolia, fracasso, entre outros, sendo necessário criar condições para que todo o processo decorra da melhor forma para todos os intervenientes, especialmente para as crianças que sofrem muitas vezes mais que os pais, chegando muitas vezes, a sentirem-se culpados pela separação dos pais.

A avaliação psicológica permite conhecer a dinâmica familiar para melhor acompanhar e ultrapassar todas as dificuldades da criança e dos progenitores. Facultando à criança vivenciar a separação dos pais sem tanta angustia, evitando receios desnecessários. Impedindo-a de ter de enfrentar a influência emocional dos pais nesta decisão, por forma a exprimir os seus desejos livremente. Permitindo assim, analisar e determinar quais as melhores decisões, por forma a minimizar, não só o sofrimento da criança como o dos próprios pais. 

O acompanhamento psicológico incide nos aspectos que colocam em causa a estabilidade da criança, em questões que requerem a mudança de rotinas, consequentes da alteração familiar, tais como, residência, mudança de escola, regime de visitas importantes neste processo para a criança sentir alguma segurança nessa mudança.

Os intervenientes na avaliação são os pais, filhos, avós e professores, entre outros, que se considerem pertinentes para a realização de uma avaliação idónea. O relatório será efectuado, tendo em consideração, sempre o que é melhor para a criança, salvaguardando os seus desejos e não os interesses dos pais.

A avaliação psicológica é uma ajuda importante na regulação de responsabilidades parentais, pelo facto de possibilitar aconselhando os pais durante todo o processo de divórcio, permitindo-lhe assim, assegurar o que é melhor para o futuro da criança, evitando sequelas posteriores.

O relatório psicológico pode ser solicitado pelos pais ou pelo próprio tribunal, e o parecer será proporcionado, tendo em conta apenas a salvaguarda e os interesses da criança, independente de quem o solicita. Sendo necessário para isso, avaliar não só a criança mas todos os elementos influentes.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Aprender a Ser mais Feliz


É impossível querer possuir em todos os momentos estabilidade interior, porque umas vezes sentimos equilíbrio, outras desequilíbrio, esta inconstância é permanente e normal.

As pessoas não conseguem manter sempre as mesmas emoções, isto é, umas vezes sentem-se tristes, ansiosas, agitadas, outras vezes, contentes e tranquilas. As nossas emoções são dinâmicas. Precisamos de encontrar equilíbrio interior, mas devemos considerar normal todas as alterações de humor, se as mesmas não oscilarem frequentemente.

As características pessoais têm uma força determinante na constância das emoções. O ser humano é muito complexo e muitas vezes sem termos consciência do que aconteceu, tanto os sentimentos como o humor, alteram-se.

É importante desenvolver autoconsciência para sabermos quem somos, como funcionamos e como nos relacionamos. Assim, aprendemos a lidar melhor com as nossas fragilidades, quer sejam causadas por fatores internos ou externos presentes na dinâmica existencial.

Desenvolver autoconhecimento, isto é, conhecer as nossas características, qualidades, imperfeições, torna-nos menos vulneráveis, sofremos menos, contribui para o nosso bem estar e para construir relacionamentos mais harmoniosos. As oscilações de humor são menos frequentes, conseguindo a estabilidade emocional desejada.

As dificuldades nunca terminam, a forma de as encarar e ultrapassar é que pode ser diferente em função da nossa estrutura pessoal. Aceitar correr alguns riscos é saudável, faz-nos crescer interiormente e com melhor consciência do que somos, podemos evitar alguns dissabores, outros porém, são imprevisíveis. Quando os problemas aparecem têm de ser resolvidos e não contornados.

A melhor maneira de enfrentar as dificuldades, é no momento em que se aprende a lidar melhor com as emoções e quando se tem consciência de quem somos, sem esquecer de retirar alguma aprendizagem com os erros cometidos. Se não existir essa aprendizagem sofremos continuamente, cometemos repetidamente os mesmos erros e esse sofrimento é desnecessário.

Os obstáculos são superados com maior tranquilidade, quando existe melhor consciência de quem se é, aprende-se também a ser mais feliz.

Conseguir ser mais feliz é ter a capacidade de retirar conhecimento dos momentos de fracasso.








Medo de Intimidade



A partilha de intimidade aproxima as pessoas

A intimidade significa expor-se a alguém e quando a própria pessoa não lida bem com a sua própria intimidade, como poderá conseguir relacionar-se de modo intimo com outra pessoa. Se a pessoa não se conhece a si própria e não sabe quem é, como pode desejar que alguém a ame ou a conheça?

Como é possível gerir o medo, se permanece em si o receio de intimidade com os outros, se tem medo do que possam pensar de si, se desconfia das suas intenções, se receia que se aproveitem das suas fraquezas. Como é possível evitar isso, se existe tanta insegurança relativamente à atitude dos outros. Ao pensar deste modo, a inibição e a repressão sentida só tem tendência a aumentar na presença de outras pessoas, enquanto esses sentimentos estiverem enraizados.

Muitas pessoas têm receio de intimidade mas, nem todas têm consciência disso. Mostrar intimidade é deixar cair as defesas, as máscaras e mostrar verdadeiramente quem é e o que deseja nos relacionamentos. Só agindo assim, a intimidade é exequível. No entanto, sente que manter alguma distância nas suas relações parece oferecer-lhe maior segurança, por recear que as suas fragilidades sejam usadas contra si e que isso a torne vulnerável. 

Quando evitar relacionar-se com intimidade por sentir todos esses receios, acaba por perder muito do prazer que poderia auferir numa relação. Perde a possibilidade de sentir as emoções no seu estado mais puro. Sempre que a pessoa partilha os sentimentos, desejos ou fragilidades numa relação, está a crescer, não só enquanto pessoa, mas a construir uma relação mais sólida.

O desejo de sentir conforto, amor e estabilidade emocional é necessário para que a pessoa se sinta completa, ninguém gosta de se sentir sozinho. Mas só se consegue alcançar a relação desejada quando existe partilha de intimidade, só assim, cada Homem fica saciado de amor.

A possibilidade de se ser mais feliz, existe dentro de cada um de nós, como tal, depende da sua vontade em querer desenvolver relações mais profundas e intensas e harmoniosas. Se possui essa consciência e não consegue relacionar-se com intimidade por sentir receio, também reconhece que está a perder muito do prazer que deseja. Sabe que agindo dessa forma, está a evitar sentir emoções mais intensas e verdadeiras, desperdiçando a oportunidade de  ser mais feliz. Se deseja alcançar essa plenitude mas, consegue efectuar essa alteração de comportamentos, procure ajuda profissional, por forma a  ultrapassar todos seus receios relacionais. 

Ao esconder determinadas características pessoais dos outros, não percebe que também está a escondê-las de si próprio. Este receio de expor a intimidade afeta muito as relações, mesmo as de longa duração. Por esse motivo, há quem viva 2 ou até 20 anos com uma pessoa e fica sem a conhecer verdadeiramente. 

Em muitos casos, as pessoas vivem juntas e não conhecem o íntimo da outra pessoa. É por isso acontecer que algumas vezes, quando descobre algo sobre a pessoa com quem partilha a vida, fica surpreendida com algumas das suas atitudes, ficando com sentimentos de estranheza relativamente a essa pessoa. Após algumas descobertas, o relacionamento muda, a pessoa sente-se desiludida, chegando muitas vezes a perder a confiança no outro. Nesse momento, sente que apesar do tempo em que está nessa relação, não conhece a pessoa tão bem quanto pensava. Essa pessoa passa a ser encarado como um estranho.

Esta ambivalência de ter medo da intimidade por um lado e, o desejo de construir uma relação profunda e intensa por outro, instala nas pessoas um dilema existencial muito complexo, porque apesar das defesas e máscaras utilizadas, todas as pessoas desejam e procuram essa intimidade em alguém. 

Viver é uma proeza e quem for camuflando os sentimentos e os desejos com medo do que poderá acontecer, além de não ultrapassar os bloqueios internos, sente-se frequentemente insatisfeito e frustrado. Só quem constrói relações íntimas pode alcançar o que parece ser um sonho e ser feliz.

Maria Pascoal

Quantas lágrimas existem por trás das máscaras! Quanto mais poderia o homem chegar ao encontro com o outro homem se nos aproximássemos uns dos outros como necessitados que somos, em fez de fazermos figura de fortes! Se deixássemos de nos mostrar auto-suficientes e nos atrevêssemos a reconhecer a grande necessidade que temos do outro para continuarmos a viver, como mortos de sede que na verdade estamos! Quanto mal poderia ser evitado!


Ernesto Sabato in Resistir 



domingo, 14 de dezembro de 2014

Depender da opinião dos outros


Não é preciso sacrificar os nossos sentimentos para gostarem de nós, pois temos virtudes e defeitos como todas as pessoas. Que gostar verdadeiramente de si, aceita-a tal como é não precisa de se subjugar e mudar o seu comportamento, só porque alguém decide por si. Ao fazer isso, só cria dentro de si, sentimentos de insatisfação.


Não deve esquecer que a forma de agir deve ser em função dos seus próprios valores. As atitudes, tomadas de decisão e escolhas devem ter significado interno, não devem ser comandadas por alguém exterior. A vida é sua e só tem uma para viver, não esqueça de a viver da melhor forma que conseguir.

Nos momentos em que estamos fragilizados, torna-se mais difícil lidar com a desilusão ou com a frustração. Especialmente, se é alguém afetivamente importante que nos magoa mas, se tivermos consciência do que somos e do que sentimos, é mais fácil evitar que alguém nos magoe com a mesma intensidade.




Nos momentos em que estamos fragilizados, torna-se mais difícil lidar com a desilusão ou com a frustração. Especialmente, se for alguém afetivamente importante que nos magoa mas, se tivermos consciência de quem somos e do que sentimos, é mais fácil evitar que alguém nos magoe com a mesma intensidade.

Quando as pessoas ficam magoadas ou desiludidas com a atitude dos outros, pode ser por diversas razões, mas considero que o que causa maior dor é, quando as pessoas por quem sentimos estima, não têm respeito pelos nossos sentimentos.

Nessas situações, é normal sentir mágoa, mas nem todos reagimos da mesma forma, perante as mesmas circunstâncias e, mesmo a própria pessoa tem muitas vezes reações diferentes, consoante as situações com que se depara, sendo por isso, sempre muito difícil perceber a melhor forma de reagir e saber o que fazer, quando se trata de questões emocionais.

Nesses momentos, a mágoa é mais acentuada, não só pela estima que sentimos por essas pessoas, mas também por sentimos que aquilo que nos fizeram, não é proporcional às atitudes que temos para com essas mesmas pessoas. Principalmente quando sentimos que nunca agimos dessa forma, com essas mesmas pessoas, em circunstâncias equivalentes.


Devemos sofrer por algo que não tenha realmente valor para nós? Se a pessoa e  o que nos diz ou faz é insignificante, porque será que se sofre com isso?

Se conhecer o motivo e tem consciência do que está a sentir, está no caminho certo, porque este é o 1ª passo para conseguir transformar esse sentimento, só tem de procurar a melhor maneira de o superar. É um processo difícil de alcançar sozinho em muitas situações mas, com ajuda psicoterapêutica as mágoas são mais fáceis de ultrapassar!

Se sente com frequência dificuldades em lidar em com algumas situações, não hesite em procurar ajuda, por forma a conseguir relacionamentos interpessoais mais harmoniosos e encontrar melhor equilíbrio interior.




quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Diferença entre depressão e tristeza




A Depressão é muitas vezes confundida com um sentimento de tristeza. As diferenças são essenciais para a sua identificação. Os limites entre tristeza e depressão são enormes, mas nem sempre fáceis de perceber.

A tristeza é um sentimento que todos sentimos e a sua frequência depende das características pessoais de cada um. Na depressão o humor é depressivo e a tristeza intensa, existindo incapacidade para sentir prazer, existindo sintomas associados, como o sofrimento elevado e limitações nas atividades sociais ou da realização de tarefas vitais para a saúde, como dormir ou alimenta-se corretamente.

A tristeza e alguns estados de humor depressivos, aparecem em muitos momentos, mas é de curta duração. É sentimento benéfico que ajuda a lidar com as vicissitudes da vida. Aparece como reação adequada a problemas pessoais, em situações que envolvem perda, frustração, desapontamento, fracasso ou rejeição. Tais como, morte de um ente querido,  desemprego, divórcio, stress laboral.

Nestes períodos breves as pessoas, passam por uma fase difícil de muita angústia e sofrimento, que pode durar um determinado período de tempo, em média cerca de 3 meses. Após esse tempo o sentimento de tristeza vai diminuindo e, a pessoa começa a aceitar o que aconteceu e aos poucos vai aos poucos recuperando o ritmo normal. Os sintomas vão-se diluindo subtilmente, sem a pessoa perceber.

Mesmo assim, podemos considerar a tristeza ou o humor depressivo como um tempo de transição, em que a pessoa tem de se adaptar à nova realidade e às mudanças inerentes, fazem parte do nosso desenvolvimento pessoal.

A depressão não é uma situação de tristeza, mau humor ou desânimo prolongada. Os sintomas de depressão, iniciam-se quando a pessoa continua a sentir tristeza durante muito mais tempo, aparecendo sentimentos de desesperança e de indiferença, apatia em relação ao que se passa à sua volta, não evidenciando perspetivas de vida.

A reação para lidar com os sintomas depressivos é diferente de pessoa para pessoas, dependendo das características de personalidade de cada individuo. A depressão é doença grave e, por isso deve ser procurado tratamento. A depressão pode ser classificada como, leve, moderada ou grave.

Sinais mais relevantes na distinção de tristeza e depressão:

- A tristeza é um sentimento importante para ajudar a avaliar objetivos de vida de cada pessoa.

-Todas as pessoas sentem tristeza, é um sentimento interno ao ser humano. É a falta de satisfação pessoal quando a pessoa enfrenta vicissitudes. 

- A depressão cria internamente sentimentos de raiva, revolta e vingança canalizados para si própria. É uma tentativa de exteriorizar sentimentos hostis que permanecem em si. 

-A tristeza é como uma rejeição na aceitação do sucedido, é uma fase de negação, interferindo no amor-próprio. Sendo o tempo entre a aceitação e a rejeição ao lidar com as adversidades que gera níveis mais leves ou mais intensos de tristeza. 

A depressão pode não ser sempre visível para as pessoas, mesmo quando se trata de uma depressão grave, mas pode ter consequências trágicas, como o suicídio e, como tal deve ser tratada.

Está comprovado que a tristeza e a  depressão ligeira podem até ser úteis na  concepção de soluções e pouco beneficiam com medicação, será necessário efetuar um diagnóstico ou tratamento?

Os antidepressivos têm vários efeitos secundários tanto a curto como a longo prazo. Recear-se até que a toma de antidepressivos possa influenciar a criatividade, potencie a repetição de perturbações do humor ou de quadros depressivos.

A psicoterapia permite melhorar o auto conhecimento e assim aprende a lidar melhor com as situações, devido à criação de recursos para enfrentar as adversidades com que se depara no seu dia-a-dia.

No diagnóstico da depressão é importante analisar vários sintomas

Sintomas psicológicos: Tristeza intensa, angústia, astenia, culpabilidade, dificuldade em tomar decisões, problemas de concentração, auto-desvalorização e, não conseguir retirar prazer nas atividades que anteriormente considerava prazerosas.

Sintomas fisiológicos: Alterações do apetite e do sono, alterações do apetite, redução do interesse sexual, labilidade fácil. Alterações motoras- agitação ou lentidão de movimentos. E, comportamentais- isolamento social, pensamentos de suicídio.

No diagnóstico de quadros depressivos devem também ser avaliados, se os sintomas derivam de doenças, de perturbações, da utilização de drogas, do consumo de medicamentos ou de fatores hormonais. 



sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

O que é perturbação da ansiedade?


Perturbação da Ansiedade Generalizada 


As preocupações são intermináveis, estamos frequentemente a pensar no que fazer, com a nossa vida profissional ou domestica, com os filhos, com a escola, com as  relações afetivas.

Este ciclo de preocupações não tem fim… são inquietações persistentes e desmesuradas. Os pensamentos não têm fim, porque as preocupações também não. Sente-se um desgaste físico e psicológico. Desejando evitar essa exaustão e acabar com as preocupações, mas nada parece estar ao nosso alcance para as eliminar.

Não adianta referir às pessoas que sofrem de ansiedade generalizada para relativizarem as coisas, para ver que nem tudo é mau, porque a pessoa em questão, desvaloriza o que lhe dizem, afiançando que tem todos os motivos para se preocupar e que tem de se acautelar para o que pode vir.
  
É necessário que a pessoa faça uma consulta de psicologia quando apresenta alguns destes sintomas físicos.A ansiedade pode apresentar várias formas – ansiedade social fobias, ataques de pânico, fobias, ansiedade e social.

A Perturbação da Ansiedade Generalizada é o acumular de excessivas e constantes preocupações do nosso dia-a-dia, associadas a sintomas físicos, para os quais não existe uma razão aparente que os explique, tais como, perturbações do sono, dificuldades de concentração, agitação, cansaço, irritabilidade, dores no corpo, desregulação hormonal com alterações no peso ou na libido, dores gástricas, como por exemplo, síndrome do Cólon Irritável).

Neste tipo de perturbação, existem enormes dificuldades e uma grande angústia, em tomar decisões quotidianas e, em lidar com a incerteza. Afetando o próprio raciocínio, não sabendo que atitudes tomar perante determinadas situações, nem quais as consequências inerentes a cada decisão. 

Estes motivos a um funcionamento pessoal disfuncional, em que a pessoa manifesta comportamentos contraproducentes. Ao sentir uma extrema dificuldade em tomar decisões, a pessoa evita e adia frequentemente as situações que lhe causam ansiedade. Acumulando desta forma, maior tensão interior.  

É importante realizar um diagnóstico, o mais precoce possível, porque a perturbação da ansiedade generalizada é gradual e, sem tratamento adequado a pessoa vai-se sentindo cada vez pior, principalmente se o seu dia-a-dia for um stress permanente.


A característica principal da ansiedade generalizada, é a preocupação constante, exagerada e incontrolável acerca de coisas do dia-a-dia, independentemente de serem pouco ou muito importantes
As pessoas com este tipo perturbação, percepcionam as situações com que se deparam com muito dramatismo, a sua visão das coisas é sempre negativa e as consequências têm uma gravidade excessiva.



Nada é Tão Fatigante Como a Indecisão

 A fadiga (do homem da cidade) é devida a inquietações que poderiam ser evitadas por uma melhor filosofia da vida e um pouco mais de disciplina mental. A maior parte dos homens e mulheres não governam eficazmente os seus pensamentos. Quero com isto dizer que eles não podem deixar de pensar nos assuntos que os atormentam, mesmo quando nesse momento nenhuma solução lhes podem dar. Os homens levam muitas vezes para a cama as suas inquietações em matérias de negócios e, durante a noite, quando deviam ganhar novas forças para enfrentar os dissabores do dia seguinte, é nelas que pensam, repetidas vezes, embora nesse instante nada possam fazer; e pensam nos problemas que os inquietam, não de forma a encontrar uma linha de conduta firme para o dia seguinte, mas nessa semi-demência que caracteriza as agitadas meditações da insónia.
De manhã, qualquer coisa dessa demência nocturna persiste ainda neles, obscurece-lhes o julgamento, rouba-lhes a calma, de forma que qualquer obstáculo os enfurece. O homem sensato só pensa nas suas inquietações quando julga de interesse fazê-lo; no restante tempo pensa noutras coisas e à noite não pensa em coisa nenhuma. Não quero dizer que numa grande crise, por exemplo, quando a ruína está iminente, ou quando um homem tem razões para suspeitar que a mulher o atraiçoa, seja possível, a não ser a alguns espíritos excepcionalmente disciplinados, afastar o tormento nos momentos em que nada se pode fazer para o remediar. Mas é perfeitamente possível afastar as pequenas inquietações de todos os dias, a não ser que seja necessário enfrentá-las. É surpreendente como a felicidade e a eficiência aumentam quando se cultiva um espírito ordenado que pensa adequadamente no momento preciso em vez de inadequadamente em todos os momentos. Quando uma decisão difícil tem de ser encontrada, logo que se reúnem todos os dados aplica-se ao assunto a melhor reflexão e decide-se; essa decisão, uma vez tomada, não deve ser corrigida, a não ser que se chegue ao conhecimento de novos factos. Nada é tão fatigante como a indecisão e nada é tão fútil.
 
Bertrand Russell, in A Conquista da Felicidade.

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Depressão



Nos dias de hoje, a depressão, atinge dimensões inacreditáveis afeta uma em cada quatro pessoas. É alarmante a quantidade dos que sofrem de depressão mas, muitos dos casos diagnosticados não são verdadeiramente depressões e, o número de pessoas que toma antidepressivos é verdadeiramente assustador.

Existe uma grande dificuldade em distinguir o que é uma grande tristeza de uma perturbação do humor com foros de patologia, tais como, depressões major, bipolaridade e distimias, sendo importante que nestes casos pela sua gravidade se procurem soluções eficazes para eliminar o sofrimento.

As pessoas que sofrem de depressão além da permanente tristeza e desinteresse ficam sem vontade de realizar atividades, que antes gostavam, sentindo cansaço e falta de energia constante. Influenciando o sono, o apetite, o desejo sexual, a auto-estima. Os pensamentos pessimistas acentuam-se, chegando muitas vezes a pensar em suicídio. Em Portugal morrem por ano 1200 pessoas e, é mais frequente nas mulheres do que nos homens. 

No entanto, há muitas pessoas a tomar constantemente antidepressivos é por motivos de tristeza. Por situações relacionadas com adversidades da vida que causam grande sofrimento, assim como em acontecimentos dramáticos. E, também porque se instalou na nossa sociedade o pressuposto, de que temos de evitar a todo o custo sentir emoções dolorosas.

Nos casos em que as pessoas recorrem frequentemente à medicação, é porque não adquiriram recursos cognitivos ou emocionais, para lidar com as contrariedades da vida, por forma a digerirem essas mesmas emoções. Assim e, sempre que reaparecem emoções desagradáveis, inicia-se a toma de antidepressivos e, o ciclo repete-se indefinidamente. Saliento que a depressão é distinta de alterações de humor que todos sentimos com menor ou maior frequência.


Alguns dos sinais mais frequentes, indicativos de depressão:
*Alteração do apetite. Perda ou aumento de peso significativo;

* Humor depressivo constante;

* Insónia ou sonolência frequente;

* Agitação;

* Cansaço ou energia reduzida;

* Sentimentos de culpa;

* Baixa auto- estima;

* Ideias de suicídio;

*Desinteresse pela generalidade das atividades.

No caso de confirmar que está sofrer algumas destes sintomas, permanentemente sugerimos que procure ajuda especializada para alcançar rapidamente o equilíbrio desejado.


Tratamentos recomendados:

*Acompanhamento psicoterapêutico que lhe permite transformar, a forma de pensar, sentir e agir, centrada em pensamentos negativos. Alterando dessa forma a perturbação de humor e, simultaneamente, desenvolve recursos cognitivos e emocionais que lhe permitam encontrar equilíbrio e a estruturar-se.

*Acompanhamento psiquiátrico, em caso de existir necessidade de medicação.

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Comunicar o divórcio aos filhos







Comunicar o divórcio aos filhos – Diretrizes a ter em conta

A decisão de se divorciar é sempre difícil, principalmente se existirem filhos. As mudanças, o começar tudo do zero é sempre muito angustiante. A incerteza do futuro e as mudanças que advêm afetam toda a dinâmica familiar.

Nessas alturas, é possível que todos os envolvidos sintam culpa, raiva, melancolia, fracasso, entre outros, sendo necessário criar condições para que todo o processo decorra da melhor forma para todos, especialmente para as crianças que sofrem muitas vezes mais que os pais, chegando a sentirem-se culpados pela separação dos pais.

As crianças não reagem ou sofrem todas da mesma forma, o que influencia fortemente o seu sentir é sem dúvida o comportamento dos pais durante todo o processo de divórcio. 

Após a decisão de se divorciarem, os pais devem combinar todas as medidas a tomar, antes de falarem com os filhos, tais como, com quem ficam a morar, mudança de escola se for o caso, como as visitas irão decorrer, entre outras, para a criança sentir alguma segurança na sua mudança de rotinas. Reforçando que as mesmas sejam mantidas sempre que possível. 

Comunicar aos filhos essa decisão, só quando existe certeza. Referir que a separação é definitiva e que os pais já não desejam viver juntos e, que eles não têm culpa nenhuma do seu divórcio. 

Reforçar que os pais continuam a amá-los muito deles e que estarão sempre ao seu lado para os ajudar, mesmo vivendo em casas diferentes. 

Conversarem em família para explicar todas as dúvidas sobre as mudanças que irão acontecer, abordando todas as questões de modo sincero e verdadeiro. 

Ter em conta que a compreensão do que é referido depende da idade da criança.

Comunicarem sem acusações e sem atitudes agressivas na frente das crianças. Nunca utilizarem os filhos como forma de atingir o outro progenitor, assim como em nenhum momento devem denegrindo imagem da mãe ou pai. E, não privar as crianças do contacto com qualquer um dos progenitores, porque com isso só prejudicam o seu bom desenvolvimento da criança. 

Oferecer espaço às crianças para expressarem os seus sentimentos e opiniões. Estarem atentos para perceber o sentir e reagir das crianças em todo o processo de divórcio, através da sua comunicação verbal e não-verbal, tais como, sinais de tristeza, alterações de comportamento, birras mais frequentes, queixas de índole física, desinteresse escolar, etc.

O divórcio é entre os progenitores, não entre pais e filhos, como tal a atribuição de culpas e a resolução dos conflitos, devem ser resolvidos enquanto casal e nunca, mas nunca mesmo, as crianças devem ser envolvidas nesta luta, nem privados do contacto com o progenitor que não ficou a custódia, porque isso só compromete o bom desenvolvimento das crianças.

domingo, 23 de novembro de 2014

7 Formas para melhorar a qualidade dos relacionamentos


O que é preciso fazer para manter a qualidade no relacionamento?

Os relacionamentos não são fáceis. É necessário ir construindo e conservando a qualidade do relacionamento para que uma relação flua, sendo também preciso muita perseverança e várias cedências de ambas as partes. 

1- Manter interesses comuns – Após a fase da paixão, é frequente as pessoas sentirem que tem poucos interesses em comum. Contudo, é de extrema importância descobrirem algumas atividades que possam desenvolver juntos. Mantendo contudo, as atividades que cada um gosta de fazer individualmente.

2 .  Andar de mãos dadas ou abraçados ajuda a fortalecer os vínculos- Se estes comportamentos eram habituais na fase inicial do namoro, é fulcral, continuar a proceder da mesma maneira e a tocar afetos sempre que estão juntos.

3.Conversar abertamente sobre tudo, especialmente se existir alguma situação que não decorreu segundo as expectativas - Ajuda a evitar conflitos posteriores e, a aumentar a confiança.

4.Pedir desculpas e aceitar as falhas- apreciar as qualidades do seu par em detrimento das falhas. Realçar as qualidades ajuda a lidar melhor com as imperfeições do seu par.

5.Verbalizar palavras de afeto, dar abraços e beijos - o contacto proporcionado por um abraço, beijo ou palavras ativam na memória sensações prazerosas.

6.Perguntar como foi o dia e, conversar sobre os contratempos que surgiram é uma forma de partilha que ajuda não só a superar melhor as dificuldades, como a fortalecer os laços entre o casal.

7. Ir para a cama ao mesmo tempo e trocar carinhos - é uma maneira de aumentar a cumplicidade, com a partilha deste momento no final de cada dia.



"Alimentar o Amor"


Começar é fácil. Acabar é mais fácil ainda. Chega-se sempre à primeira frase, ao primeiro número da revista, ao primeiro mês de amor. Cada começo é uma mudança e o coração humano vicia-se em mudar. Vicia-se na novidade do arranque, do início, da inauguração, da primeira linha na página branca, da luz e do barulho das portas a abrir.Começar é fácil. Acabar é mais fácil ainda. Por isso respeito cada vez menos estas actividades.Aprendi que o mais natural é criar e o mais difícil de tudo é continuar. A actividade que eu mais amo e respeito é a actividade de manter.Em Portugal quase tudo se resume a começos e a encerramentos. Arranca-se com qualquer coisa, de qualquer maneira, com todo o aparato. À mínima comichão aparece uma «iniciativa», que depois não tem prosseguimento ou perseverança e cai no esquecimento. Nem damos pela morte.É por isso que eu hoje respeito mais os continuadores que os criadores. Criadores não nos faltam. Chefes não nos faltam. Faltam-nos continuadores. Faltam-nos tenentes. Heróis não nos faltam. Faltam-nos guardiões.É como no amor. A manutenção do amor exige um cuidado maior. Qualquer palerma se apaixona, mas é preciso paciência para fazer perdurar uma paixão. O esforço de fazer continuar no tempo coisas que se julgam boas — sejam amores ou tradições, monumentos ou amizades — é o que distingue os seres humanos. O nascimento e a morte não têm valor — são os fados da animalidade. Procriar é bestial. O que é lindo é educar.Estou um pouco farto de revolucionários. Sei do que falo porque eu próprio sou revolucionário. Como toda a gente. Mudo quando posso e, apesar dos meus princípios, não suporto a autoridade.É tão fácil ser rebelde. Pica tão bem ser irreverente. Criar é tão giro. As pessoas adoram um gozão, um malcriado, um aventureiro. É o que eu sou. Estas crónicas provam-no. Mas queria que mostrassem também que não é isso que eu prezo e que não é só isso que eu sou.Se eu fosse forte, seria um verdadeiro conservador. Mudar é um instinto animal. Conservar, porque vai contra a natureza, é que é humano. Gosto mais de quem desenterra do que de quem planta. Gosto mais do arqueólogo do que do arquitecto. Gosto de académicos, de coleccionadores, de bibliotecários, de antologistas, de jardineiros.Percebo hoje a razão por que Auden disse que qualquer casamento duradoiro é mais apaixonante do que a mais acesa das paixões. Guardar é um trabalho custoso. As coisas têm uma tendência horrível para morrer. Salvá-las desse destino é a coisa mais bonita que se pode fazer. Haverá verbo mais bonito do que «salvaguardar»? É fácil uma pessoa bater com a porta, zangar-se e ir embora. O que é difícil é ficar. Isto ensinou-me o amor da minha vida, rapariga de esquerda, a mim, rapaz conservador. É por esta e por outras que eu lhe dedico este livro, que escrevi à sombra dela.Preservar é defender a alma do ataque da matéria e da animalidade. Deixadas sozinhas, as coisas amarelecem, apodrecem e morrem. Não há nada mais fácil do que esquecer o que já não existe. Começar do zero, ao contrário do que sempre pretenderam todos os revolucionários do mundo, é gratuito. Faz com que não seja preciso estudar, aprender, respeitar, absorver, continuar. Criar é fácil. As obras de arte criam-se como as galinhas. O difícil é continuar.

Miguel Esteves Cardoso, in As Minhas Aventuras na República Portuguesa

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Saber Amar



Amar é arriscar. Tudo.

O amor é algo extraordinário e muito raro. Ao contrário do que se pensa não é universal, não está ao alcance de todos, muito poucos o mantêm aqui. Chama-se amor a muita coisa, desde todos os seus fingimentos até ao seu contrário: o egoísmo.

A banalidade do gosto de ti porque gostas de mim é uma aberração intelectual e um sentimento mesquinho. Negócio estranho de contabilidade organizada. Amar na verdade, amar, é algo que poucos aguentam, prefere-se mudar o conceito de amor a trocar as voltas à vida quando esta parece tão confortável. 

Amar é dar a vida a um outro. A sua. A única. Arriscar tudo. Tudo. A magnífica beleza do amor reside na total ausência de planos de contingência. Quando se ama, entrega-se a vida toda, ali, desprotegido, correndo o tremendo risco de ficar completamente só, assumindo-o com coragem e dando um passo adiante. Por isso a morte pode tão pouco diante do amor. Quase nada. 

Ama-se por cima da morte, porquanto o fim não é o momento em que as coisas se separam, mas o ponto em que acabam.

Não é por respirar que estamos vivos, mas é por não amar que estamos mortos.

De pouco vale viver uma vida inteira se não sentirmos que o mais valioso que temos, o que somos, não é para nós, serve precisamente para oferecermos. Sim, sem porquê nem para quê. Sim, de mãos abertas. Sim... porque, ainda além de tudo o que aqui existe, há um mundo onde vivem para sempre todos os que ousaram amar...

José Luís Nunes Martins, in Filosofias


O amor é de outro reino. (...) Da amizade, do amor, do encontro de duas pessoas que se sentem bem uma ao lado da outra, fazendo amor, falando de amor, trocando amor, conversando de amor, falando de nada, falando de pequenas histórias código de ministros com aventuras de aventuras sem ministros conversa alta e baixa de livros e de quadros de compras e de ninharias conversas trocadas em miúdos ouvindo música sem escutar música que ajuda o amor o amor precisa de ajudas de ir às cavalitas de andas de muita coisa simples amor é um segredo que deve ser alimentado nas horas vagas alimentado nas horas de trabalho nas horas mais isoladas amor é uma ocupação de vinte e quatro horas com dois turnos pela mesma pessoa com desconfianças e descobertas com cegueiras e lumineiras amor de tocar no mais íntimo na beleza de um encanto escondido recôndito que todos no mundo fizeram pais de padres mães de bispos avós de cardeais amor agarrado intrometido de falus com prazer de alegria amor que não se sabe o que vai dar que nunca se sabe o que vai dar amor tão amor. 

Ruben A. in 'Silêncio para 4 




O significado do amor é este: que pelo menos na presença de uma pessoa possamos mostrar-nos completamente a nu. Sabemos que ela ama, pelo que não interpretará mal. Sabemos que ela ama, portanto o medo desaparece. Pode revelar-se tudo. Podem abrir-se todas as portas, pode convidar-se essa pessoa a entrar. Pode começar-se a participar no ser do outro.

O amor é participação, por isso, pelo menos com os seres amados, não seja falso. Não estou a dizer para ser verdadeiro na praça pública, porque isso criaria problemas desnecessários neste preciso momento. Mas comece com o amante, depois com a família, depois com pessoas que estejam mais afastadas de si. A pouco e pouco, aprenderá que ser verdadeiro é tão belo que estará disposto a perder tudo por causa disso. Depois na praça pública - depois a verdade passa simplesmente a ser a sua maneira de viver. O alfabeto do amor, da verdade, deve ser aprendido com aqueles que nos são mais próximos porque esses compreenderão.

Osho, in Intimidade