quarta-feira, 20 de maio de 2015

Elogio ao Amor!



Quero fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão.

Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado.
Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido....Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.

Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem.

A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.

Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje.

Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá tudo bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?

O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto.

O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não dá para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem.

Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir.

A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira.

E valê-la também.

Miguel Esteves Cardoso

terça-feira, 19 de maio de 2015

Alimentar o ego



Para quem faz do sonho a vida, e da cultura em estufa das suas sensações uma religião e uma política, para esse primeiro passo, o que acusa na alma que ele deu o primeiro passo, é o sentir as coisas mínimas extraordinária — e desmedidamente. Este é o primeiro passo, e o passo simplesmente primeiro não é mais do que isto. Saber pôr no saborear duma chávena de chá a volúpia extrema que o homem normal só pode encontrar nas grandes alegrias que vêm da ambição subitamente satisfeita toda ou das saudades de repente desaparecidas, ou então nos actos finais e carnais do amor; poder encontrar na visão dum poente ou na contemplação dum detalhe decorativo aquela exasperação de senti-los que geralmente só pode dar, não o que se vê ou o que se ouve, mas o que se cheira ou se gosta — essa proximidade do objecto da sensação que só as sensações carnais — o tacto, o gosto, o olfacto - esculpem de encontro à consciência; poder tornar a visão interior, o ouvido do sonho — todos os sentidos supostos e do suposto — recebedores e tangíveis como sentidos virados para o externo: escolho estas, e as análogas suponham-se, dentre as sensações que o cultor de sentir-se logra, educado já, espasmar, para que dêem uma noção concreta e próxima do que busco dizer. 

O chegar, porém, a este grau de sensação, acarreta ao amador de sensações o correspondente peso ou gravame, físico de que correspondentemente sente, com idêntico exaspero consciente, o que de doloroso impinge do exterior, e por vezes do interior também, sobre o seu momento de atenção. E quando assim constata que sentir excessivamente, se por vezes é gozar em excesso, é outras sofrer com prolixidade, e porque o constata, é que o sonhador é levado a dar o segundo passo na sua ascensão para si próprio. Ponho de parte o passo que ele poderá ou não dar, e que, consoante ele o possa ou não dar, determinará tal ou tal outra atitude, jeito de marcha, nos passos que vai dando, segundo possa ou não isolar-se por completo da vida real (se é rico ou não, — redunda nisso). Porque suponho compreendido nas entrelinhas do que narro, que, consoante é ou não possível ao sonhador isolar-se e dar-se a si, ou não é, com menor, ou maior, intensidade ele deve concentrar-se sobre a sua obra de despertar doentiamente o funcionamento das suas sensações das coisas e dos sonhos. Quem tem de viver entre os homens, activamente e encontrando-os, — e é realmente possível reduzir ao mínimo a intimidade que se tem de ter com eles (a intimidade, e não o mero contacto, com gente, é que é o prejudicador) — terá de fazer gelar toda a sua superfície de convivência para que todo o gesto fraternal e social feito a ele escorregue e não entre ou não se imprima. Parece muito isto, mas é pouco. Os homens são fáceis de afastar: basta não nos aproximarmos. Enfim, passo sobre este ponto e reintegro-me no que explicava. 

O criar uma agudeza e uma complexidade imediata às sensações as mais simples e fatais, conduz, eu disse, se a aumentar imoderadamente o gozo que sentir dá, também a elevar com despropósito o sofrimento que vem de sentir. Por isso o segundo passo do sonhador deverá ser o evitar o sofrimento. Não deverá evitá-lo como um estóico ou um epicurista da primeira maneira — desnificando-se porque assim endurecerá para o prazer, como para a dor. Deverá ao contrário ir buscar à dor o prazer, e passar em seguida a educar-se a sentir a dor falsamente, isto é, a ter ao sentir a dor, um prazer qualquer. Há vários caminhos para esta atitude. Um é aplicar-se exageradamente a analisar a dor, tendo preliminarmente disposto o espírito e perante o prazer não analisar mas sentir apenas; é uma atitude mais fácil, aos superiores é claro, do que dita parece. Analisar a dor e habituar-se a entregar a dor sempre que aparece, e até que isso aconteça por instinto e sem pensar nisso, à análise, acrescenta a toda a dor o prazer de analisar. Exagerado o poder e o instinto de analisar, breve o seu exercício absorve tudo e da dor fica apenas uma matéria indefinida para a análise.

Outro método, mais subtil esse e mais difícil, é habituar-se a encarnar a dor numa determinada figura ideal. Criar um outro Eu que seja o encarregado de sofrer em nós, de sofrer o que sofremos. Criar depois um sadismo interior, masoquista todo, que goze o seu sofrimento como se fosse de outrem. Este método — cujo aspecto primeiro, lido, é de impossível — não é fácil, mas está longe de conter dificuldades para os industriados na mentira interior. Mas é eminentemente realizável. E então, conseguido isso, que sabor a sangue e a doença, que estranho travo de gozo longínquo e decadente, que a dor e o sofrimento vestem! Doer aparenta-se com o inquieto e magoante auge dos espasmos. Sofrer, o sofrer longo e lento, tem o amarelo íntimo da vaga felicidade das convalescenças profundamente sentidas. E um requinte gasto a desassossego e a dolência, aproxima essa sensação complexa da inquietação que os prazeres causam na ideia de que fugirão, e a dolência que os gozos tiram do antecansaço que nasce de se pensar no cansaço que trarão.

Há um terceiro método para subtilizar em prazeres as dores e fazer das dúvidas e das inquietações um mole leito. É o dar às angústias e aos sofrimentos, por uma aplicação irritada da atenção, uma intensidade tão grande que pelo próprio excesso tragam o prazer do excesso, assim como pela violência sugiram a quem de hábito e educação de alma ao prazer se vota e dedica, o prazer que dói porque é muito prazer, o gozo que sabe a sangue porque feriu. E quando, como em mim — requintador que sou de requintes falsos, arquitecto que me construo de sensações subtilizadas através da inteligência, da abdicação da vida, da análise e da própria dor — todos os três métodos são empregados conjuntamente, quando uma dor, sentida imediatamente, e sem demoras para estratégia íntima, é analisada até à secura, colocada num Eu exterior até à tirania, e enterrada em mim até ao auge de ser dor, então verdadeiramente eu me sinto o triunfador e o herói. Então me pára a vida, e a arte se me roja aos pés. 

Tudo isto constitui apenas o segundo passo que o sonhador deve dar para o seu sonho.
O terceiro passo, o que conduz ao limiar rico do Templo — esse quem que não só eu o soube dar? Esse é o que custa porque exige aquele esforço interior que é imensamente mais difícil que o esforço na vida, mas que traz compensações pela alma fora que a vida nunca poderá dar. Esse passo é, tudo isso sucedido, tudo isso totalmente e conjuntamente feito — sim, empregados os três métodos subtis e empregados até gastos, passar a sensação imediatamente através da inteligência pura, coá-la pela análise superior, para que ela se esculpa em forma literária e tome vulto e relevo próprio. Então eu fixei-a de todo. Então eu tornei o irreal real e dei ao inatingível um pedestal eterno. Então fui eu, dentro de mim, coroado o Imperador.

Porque não acrediteis que eu escrevo para publicar, nem para escrever nem para fazer arte, mesmo. Escrevo, porque esse é o fim, o requinte supremo, o requinte temperamentalmente ilógico (...), da minha cultura de estados de alma. Se pego numa sensação minha e a desfio até poder com ela tecer-lhe a realidade interior a que eu chamo ou a A Floresta do Alheamento, ou a Viagem Nunca Feita, acreditai que o faço não para que a prosa soe lúcida e trémula, ou mesmo para que eu goze com a prosa — ainda que mais isso quero, mais esse requinte final ajunto, como um cair belo de pano sobre os meus cenários sonhados — mas para que dê completa exterioridade ao que é interior, para que assim realize o irrealizável, conjugue e contraditório e, tornando o sonho exterior, lhe dê o seu máximo poder de puro sonho, estagnador de vida que sou, burilador de inexactidões, pajem doente da minha alma Rainha, lendo-lhe ao crepúsculo não os poemas que estão no livro, aberto sobre os meus joelhos, da minha Vida, mas os poemas que vou construindo e fingindo que leio, e ele fingindo que ouve, enquanto a Tarde, lá fora não sei como ou onde, dulcifica sobre esta metáfora erguida dentro de mim em Realidade Absoluta a luz ténue e última dum misterioso dia espiritual.

Fernando Pessoa, in Livro do Desassossego 

terça-feira, 12 de maio de 2015

11 Tipos de pessoas a evitar!


Sentiu algumas vezes, sensações menos positivas depois de ter estado ou conversado com alguém? Todos nós em algum momento já sentimos esta sensação, mas é importante perceber que quando se convive diariamente com alguns tipos de pessoas, também denominadas de tóxicas, seja no trabalho, em encontros sociais, esteja atento! As pessoas com este tipo de características, podem influenciar e muito a forma como se sente, por transmitirem sensações negativas.

Da mesma forma que precisa de eliminar substâncias tóxicas, é igualmente importante evitar relacionar-se com esse tipo de pessoas para se proteger. É importante aprender a identificar algumas das suas características, porque as mesmas não vêm com aviso do nível de toxicidade.
Pense na qualidade e na quantidade de tempo que desperdiça e nas sensações negativas que pode evitar ao deixar de se relacionar com pessoas tóxicas!
1. Pessoas falsas – Na sua presença está frequentemente a duvidar das coisas que essa pessoa diz e, raramente consegue sentir confiança. Percebe que não pode contar com o seu apoio, mesmo em caso de necessidade, nem acredita nas suas promessas e histórias. 

2.Pessoas intriguistas – Quando está com estas pessoas, percebe que estão constantemente a inventar ou a abordar assuntos relacionados sobre a vida de outras pessoas, por forma a denegrir a sua imagem? Se isso acontece, obviamente nas suas costas, esta pessoa também irá fazer o mesmo. 

3. Pessoas que se fazem de vítimas – Nunca reconhecem os seus erros e culpabilizam sempre os outros ou as circunstâncias pelo que lhes acontece, sem nunca se responsabilizarem pelas suas atitudes.

4. Pessoas invejosas – Nunca se sentem satisfeitas com o que possuem, nem nunca se mostram felizes pelos sucessos alheios. Estas pessoas além de invejosas, pensam que só as próprias merecem o melhor e consideram os outros sempre inferiores.

5. Pessoas arrogantes – Utilizam esta característica para intimidar e para se sentirem superiores aos outros. Nunca transmitem confiança, porque isso interfere com a sua arrogância.  

6. Pessoas manipuladoras – Fazem de tudo o que está ao seu alcance para conseguirem o que pretendem. Não se importam de trair seja quem for e raramente são honestas.
7. Pessoas ambiciosas – Anseiam ter sempre mais e mais, são eternamente insatisfeitas. A ganancia é o que as move, esta é sua energia de viver. Desejam e invejam tudo o que os outros possuem.
 
8. Pessoas controladoras – Pensam que sabem tudo e que conseguem resolver tudo, mas por trás desta máscara são quase sempre inseguras. Na sua presença, nunca tem hipótese de manifestar a sua opinião ou sente que dar ou não dar é irrelevante.
9. Pessoas perfeitas – Vivem no mundo de fantasia e acabam por esquecer a sua própria realidade. Falam da vida dos outros, com a intenção de os denegrir e com o intuito de evidenciar a sua vida fantástica, mas pouco realista. É uma forma de camuflarem as suas frustrações.
  
10. Pessoas pessimistas – Centram o seu pensamento no que está mal, andam sempre irritadas ou stressadas. Não consegue manter relações sólidas, absorvem a energia positiva das outras pessoas e igualmente por causa da sua negatividade acabam por causar afastamento dos outros.

11. Pessoa críticas – Estão continuamente a julgar as outras pessoas, mesmo sem fundamento, só com intenção de criticar, por esse motivo as suas suposições quase nunca correspondem à verdade. Se julgam e criticam tanto os outros na sua presença, o que farão nas suas costas?       


segunda-feira, 11 de maio de 2015

Amor Platónico e a relação com a baixa-autoestima


Quando pensamos em amor platônico, geralmente voltamos à nossa adolescência, àquela paixão pelo professor ou professora, pelo garoto ou garota mais popular da escola ou pelos ídolos da TV e do cinema. Um amor idealizado, com um tom de glamour, ilustrado por cenas e beijos imaginários.
Crescemos, e esses sonhos ficam no passado. Porém, quantas vezes não acabamos reproduzindo os antigos amores platônicos de uma nova maneira? Eles passam a ser direcionados a pessoas mais próximas, são amores aparentemente mais "possíveis". Porém, ainda assim, mantêm a inviabilidade da concretização do vínculo amoroso. Uma distância do ser amado que se manifesta em diferenças que podem ocorrer no âmbito social, de idade, hierárquico, por meio de uma relação proibida, ou simplesmente por um bloqueio em demonstrar o sentimento, que acaba tornando a pessoa amada inalcançável. Assim, percebemos que todas as manifestações do amor platônico guardam a mesma característica: a impossibilidade.

A PESSOA DESEJADA SIMBOLIZA ALGO QUE NOS FALTA

Esses amores impossíveis costumam refletir algo que admiramos: a beleza, a inteligência, o charme ou alguma habilidade especial de certa pessoa que nos faz desejá-la. Ao olharmos para essa profunda admiração, que pode chegar à idolatria, é interessante perceber que aquilo que tanto apreciamos no outro é na verdade aquilo que, de alguma forma, não conseguimos enxergar em nós mesmos.
Se pensarmos bem, a adolescência é uma fase em que a autoestima e a individualidade passam a ser mais decisivas em nossa vida. O amor platônico adolescente representa esse referencial daquilo que queremos ser e ter, podendo ser positivo ao estimular a busca por aquilo que se deseja - a princípio visto como algo externo, em outra pessoa.
O fator platônico do amor torna inalcançável externamente aquilo que, na realidade, buscamos dentro de nós mesmos."O fator platônico do amor torna inalcançável externamente aquilo que, na realidade, buscamos dentro de nós mesmos."
Projetamos externamente as possibilidades para conquistar aquilo que só será alcançado dentro de nós, mas que colocamos fora do nosso alcance, de alguma forma nos distanciando de nossa própria realização. A pergunta a se fazer é: por que continuamos a tornar inalcançável justamente o que mais desejamos, projetando isso no outros?

O LADO CÔMODO DAS ILUSÕES

Viver as ilusões de um amor platônico faz parte de nosso amadurecimento afetivo. Porém, a repetição dessa situação requer a compreensão do que está por trás dessa busca inconsciente pelo impossível, É fácil perceber que esse tipo de amor traz implícito um medo, uma fuga. Alimentar-se da ilusão, ainda que não traga a tão sonhada concretização do amor, é mais seguro e confortável do que encarar a realidade e todos os confrontos inevitáveis na vivência dos relacionamentos. A vida real é muito mais sem graça, menos glamourosa e bem mais trabalhosa do que o amor idealizado. O final feliz dos filmes e contos de fadas não é a regra geral para a maioria das relações afetivas.

POR QUE TEMOS MEDO DE ENCARAR OS MEDOS?

Muitas vezes nos sentimentos presos, prisioneiros de nossa dificuldade de nos mostrar, de nos expor e de nos colocar para o outro. Com medo de nos sentir expostos, submissos, e até mesmo humilhados por uma possível rejeição, nos fechamos em nós mesmos. Nosso maior desejo é viver o amor, porém, nosso maior medo é demonstrá-lo para quem amamos. Assim o que mais queremos passa a ser nosso maior medo.
Os motivos que criam o medo de viver o amor real podem ter as mais variadas raízes: vivenciar quando criança um relacionamentos nocivo dos pais, vivenciar pessoalmente, e/ou ver a sua volta experiências afetivas traumáticas, situações traumáticas de rejeição e abandono que ficam gravadas no campo emocional (ainda que hoje possam não parecer um problema). A rejeição traz sempre uma dor muito intensa. Porém, essa dor geralmente tem raízes mais profundas, e é nelas que devemos nos focar para encontrar caminhos para viver o amor de maneira mais verdadeira e saudável."A rejeição traz sempre uma dor muito intensa. Porém, essa dor geralmente tem raízes mais profundas, e é nelas que devemos nos focar para encontrar caminhos para viver o amor de maneira mais verdadeira e saudável."
A dor da rejeição representa uma fragilidade, criando uma ferida que nos faz deixar de acreditar em nós mesmos, enfraquecendo a autoestima e poder pessoal.

O AMOR PLATÔNICO COMO UMA OPORTUNIDADE

Por meio dos amores platônicos a vida dos desafia a vencer nossos medos, e com isso fortalecer a autoestima e o poder pessoal. Tais experiências nos convidam a superar a nós mesmos, para assim estarmos aptos para viver o amor de verdade!
Reflexões:
  • 1Você tende a se apaixonar por pessoas inalcançáveis?
  • 2Você tem preguiça de interagir socialmente?
  • 3Você tem dificuldades em lidar com as diferenças pessoais?
  • 4A intensa admiração por alguém faz você ignorar outras características da pessoa não tão positivas assim?
Quanto maior o número de respostas positivas, maior a probabilidade de você sentir atração por amores platônicos. Procure refletir e perceber, de acordo com os aspetos abordados no artigo, quais medos podem estar lhe afastando da vivência real dos relacionamentos afetivos. Caso sinta dificuldade, a orientação terapêutica pode ser de grande ajuda.
Por Ceci Akamatsu, in Persona